sexta-feira, 11 de maio de 2007

Poeta Gay

FONTE imagem: Arquivo e Biblioteca Fundação Mário Soares

António Tomás Botto (Concavada, municipio de Abrantes, 17 de Agosto de 1897 - Rio de Janeiro, 16 de Março de 1959), poeta português.
A sua obra mais conhecida, e também a mais polémica, é o livro de poesia
Canções que, pelo seu carácter abertamente homossexual, causou grande agitação nos meios religiosamente conservadores da época. Foi amigo pessoal de Fernando Pessoa que traduziu em 1930 as suas Canções para inglês, e com quem colaborou numa Antologia de Poemas Portugueses Modernos. Homossexual assumido (apesar de ser casado com Carminda Silva), a sua obra reflete muito da sua orientação sexual e no seu conjunto será, provavelmente, o mais distinto conjunto de poesia homoerótica de língua portuguesa. Morreu atropelado em 1959 no Brasil, para onde se tinha exilado para fugir às perseguições homófobas de que foi vítima, na mais dolorosa miséria. Os seus restos mortais foram trasladados para o cemitério do Alto de São João, em Lisboa, em 1966.
FONTE: WIKIPEDIA

Pequena nota com interesse: Existe uma exposição virtual na biblioteca munícipal de abrantes. O link está no título do post.

Nota OMO:
Foi reconhecido pelos seus contemporâneos como um dos maiores poetas/escritores portugueses (Teixeira de Pascoaes, Fernando Pessoa, José Régio e Carlos Drumond de Andrade, entre outros). Chegou a figurar nos possíveis nomes para Nobel da literatura. Aliás maior foi o seu nome lá fora do que em Portugal. E Fernando Pessoa, o hoje considerado génio da literatura, seu amigo pessoal, disse sobre o seu legado: É concerteza o maior poeta português de todos os tempos.

Resta-nos dizer que uma vez mais a homofobia vence o génio. Até quando vamos permitir que isto aconteça nas nossas vidas? Estou revoltado!
Deixo-vos dois dos seus poemas mais conhecidos (e no meu entender dos mais belos)..


quanto, quanto me queres
Quanto, quanto me queres? - perguntaste
Numa voz de lamento diluída;
E quando nos meus olhos demoraste
A luz dos teus senti a luz da vida.

Nas tuas mãos as minhas apertaste;
Lá fora da luz do Sol já combalida
Era um sorriso aberto num contraste
Com a sombra da posse proibida...

Beijámo-nos, então, a latejar
No infinito e pálido vaivém
Dos corpos que se entregam sem pensar...

Não perguntes, não sei - não sei dizer:
Um grande amor só se avalia bem
Depois de se perder.
in «As Canções de António Botto», Presença, Lisboa, 1999

2 comentários:

Special K disse...

Muito obrigado por este post e pelo link da exposiçã. Tenho uma paixão enorme pela poesia do António, acho que foi um dos poetas portugueses que melhor cantou o amor.
Um abraço

Anónimo disse...

Também eu sou um incondicional leitor de António Botto, talvez o mais assumidamente gay poeta português.
O seu livro "As canções de António Botto", de onde foram extraídos estes poemas é maravilhoso.
Se tiveres curiosidade poderás consultar um post que fiz sobre ele, logo nos primeiros tempos do meu blog.
Abraço.